Visto Americano: Novas regras de Trump causam pânico no setor de tecnologia

 As recentes alterações nas regras de emissão de visto americano, implementadas pelo então presidente Trump, geraram caos e incerteza, principalmente no setor de tecnologia. Originalmente programadas para setembro, as atualizações foram adiadas para 1º de outubro, mas o impacto já é sentido por empresas e trabalhadores.A medida mais polêmica é a criação do “Gold Card”, um visto de residência que custa US$ 1 milhão (equivalente a R$ 5,32 milhões). Um funcionário da Casa Branca… 

As recentes alterações nas regras de emissão de visto americano, implementadas pelo então presidente Trump, geraram caos e incerteza, principalmente no setor de tecnologia. Originalmente programadas para setembro, as atualizações foram adiadas para 1º de outubro, mas o impacto já é sentido por empresas e trabalhadores.

A medida mais polêmica é a criação do “Gold Card”, um visto de residência que custa US$ 1 milhão (equivalente a R$ 5,32 milhões). Um funcionário da Casa Branca tentou amenizar a situação, afirmando que a taxa se aplica apenas a novos vistos e não afeta renovações ou titulares atuais. No entanto, a confusão persiste, levando empresas e advogados de imigração a aconselharem cautela.

A Microsoft, por exemplo, comunicou aos seus funcionários que entende a incerteza gerada pelas mudanças e pediu que priorizem as recomendações da empresa. Vários titulares de visto relataram que as alterações são “disruptivas e perturbadoras”.

Lawrence, um engenheiro de 34 anos, teve seus planos de mudança do Reino Unido para a Bay Area frustrados. Ele já havia vendido seu carro, alugado sua casa e se despedido de seus familiares. Agora, aguarda novas informações dos advogados de imigração da empresa.

Um funcionário do Google cancelou uma viagem para Tóquio para visitar sua família, enquanto a Amazon orientou os titulares de vistos dependentes H-4 a permanecerem nos EUA.

O Impacto no Setor de Tecnologia

O programa de visto H-1B é amplamente utilizado pelo setor de tecnologia para trazer trabalhadores qualificados do exterior. Empresas financeiras e de consultoria também utilizam o programa.

As empresas com o maior número de vistos H-1B são Amazon, Tata, Microsoft, Meta e Apple. JPMorgan Chase e Walmart também figuram na lista.

A cada ano, os empregadores apresentam petições até março para uma loteria em abril, com 65.000 vistos disponíveis, mais 20.000 para graduados de mestrado nos EUA. Em 2025, mais de 470 mil inscrições foram submetidas.

A Ernst & Young orientou seus titulares de visto a retornarem aos EUA no sábado, limitando viagens internacionais sempre que possível. A Walmart emitiu orientação semelhante, demonstrando cautela e aguardando esclarecimentos sobre a política de visto H-1B.

Rakhel Milstein, advogada de imigração, prevê “caos completo” e espera que a nova política seja contestada na justiça.

Erika L., que trabalha em finanças na região metropolitana de Nova York, expressou sua apreensão:

Sinto que, neste momento, estou meio perdida e não sei como essa política vai se aplicar às pessoas que já têm o visto. Se não der certo, eu estava dizendo aos meus amigos que tudo bem, talvez eu me mude para a Europa, para a Ásia para trabalhar. Já moro aqui há quase 10 anos, então acho muito difícil me pedirem para sair do país de repente, porque não estou mentalmente preparada para deixar tudo que conheço há 10 anos.” – disse Erika L. em entrevista.

A administração Trump justificou as mudanças como parte de um plano para fortalecer as aplicações legítimas e eliminar abusos. No entanto, as empresas temem que a taxa de US$ 100 mil seja insustentável.

Trump minimizou as preocupações, afirmando que as empresas de tecnologia ficarão “muito felizes” com a medida:

Acho que eles vão ficar muito felizes. Todo mundo vai ficar feliz. E vamos conseguir manter pessoas em nosso país que serão muito produtivas. E, em muitos casos, essas empresas vão pagar muito dinheiro por isso e estão muito felizes com isso.” – disse Trump a repórteres.

Apesar das declarações do então presidente, o clima entre as empresas e os trabalhadores é de apreensão e incerteza.