Trump pressiona Brasil por Bolsonaro e compara STF a super-heróis

 As relações entre Brasil e Estados Unidos atingiram um ponto crítico após as recentes investidas de Donald Trump contra o país. O ex-presidente americano tem feito declarações e tomado medidas que muitos interpretam como uma forma de pressão para que o processo contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) seja encerrado.Durante um seminário em Brasília, o cientista político de Harvard, Steven Levitsky, traçou um paralelo entre a atuação das instituições americanas e… 

As relações entre Brasil e Estados Unidos atingiram um ponto crítico após as recentes investidas de Donald Trump contra o país. O ex-presidente americano tem feito declarações e tomado medidas que muitos interpretam como uma forma de pressão para que o processo contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) seja encerrado.

Durante um seminário em Brasília, o cientista político de Harvard, Steven Levitsky, traçou um paralelo entre a atuação das instituições americanas e brasileiras diante de tentativas de golpe. Ele criticou a postura dos Estados Unidos, afirmando:

A grande ironia é que os Estados Unidos estão punindo o Brasil hoje por fazer o que os americanos deveriam ter feito. Como cidadão americano, eu sinto vergonha dessa situação” – disse nesta terça-feira, 12, durante seminário em Brasília, Steven Levitsky.

Levitsky argumenta que as instituições americanas falharam ao não punir Trump pelas suas ações, enquanto o STF tem atuado de forma firme na defesa da democracia brasileira. Ele chegou a comparar os ministros do STF a “super-heróis” por enfrentarem o que considera uma ameaça à democracia representada por Bolsonaro.

As ações de Trump incluem a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a abertura de investigações contra supostas “injustiças comerciais” praticadas pelo Brasil e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal contra Bolsonaro.

Paralelos e Críticas

A fala de Levitsky faz referência à ação penal em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é réu no STF por tramar um golpe de Estado para permanecer no poder após perder as eleições de 2022, que culminou na invasão dos prédios dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. O episódio é comparado à invasão do Capitólio por trumpistas em janeiro de 2021, em Washington, após Trump perder as eleições, e pelo qual o republicano não foi responsabilizado.

O cientista político mencionou que o STF sofre críticas por legislar em temas constitucionais que não foram tratados pelo Legislativo e pelo Executivo, quando provocado. Apesar disso, na sua avaliação, o Supremo fez “exatamente a coisa certa defendendo a democracia agressivamente” nos últimos sete anos.

A situação levanta questões sobre a interferência de um ex-presidente americano na política interna do Brasil e sobre os limites da atuação do STF na defesa da democracia. Resta saber como essa pressão de Trump irá evoluir e quais serão os próximos capítulos dessa complexa relação entre os dois países.