Tragédia Aérea: Fadiga da Tripulação e Falhas no Sistema em Voo da Voepass

 O céu de Vinhedo, interior de São Paulo, ainda ecoa as memórias daquele fatídico agosto de 2024, quando o voo da Voepass se desfez em uma tragédia que ceifou 62 vidas. Agora, um novo capítulo dessa história dolorosa emerge com a divulgação de uma auditoria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta terça-feira, 16 de março de 2025. O relatório aponta que o cansaço da tripulação pode ter sido um dos fatores que contribuíram para o acidente.A análise do MTE, focada nas… 

O céu de Vinhedo, interior de São Paulo, ainda ecoa as memórias daquele fatídico agosto de 2024, quando o voo da Voepass se desfez em uma tragédia que ceifou 62 vidas. Agora, um novo capítulo dessa história dolorosa emerge com a divulgação de uma auditoria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta terça-feira, 16 de março de 2025. O relatório aponta que o cansaço da tripulação pode ter sido um dos fatores que contribuíram para o acidente.

A análise do MTE, focada nas escalas de trabalho do piloto e copiloto entre 1º de maio e 9 de agosto, revela um quadro preocupante. Segundo o ministério, a empresa montou escalas que reduziram o tempo de descanso da tripulação, “o que pode ter causado cansaço em um nível capaz de prejudicar a concentração e o tempo de reação dos profissionais. Esse fator, somado a outras possíveis causas, pode ter contribuído para o acidente com o voo 2283”, disse o ministério.

A investigação do MTE não se limitou aos registros oficiais. Os horários de entrada e saída em hotéis foram meticulosamente verificados para confirmar o período de descanso da tripulação. Essa análise minuciosa revelou a falta de controle efetivo da jornada de trabalho e o descumprimento dos limites de jornada e períodos mínimos de descanso, infringindo a Lei dos Aeronautas e a convenção coletiva da categoria.

Diante das irregularidades, a empresa foi alvo de 10 multas, totalizando cerca de R$ 730 mil. Além disso, foi notificada por não recolher mais de R$ 1 milhão em FGTS de seus funcionários. A situação financeira da Voepass já era delicada, com um pedido de recuperação judicial protocolado em abril, declarando dívidas de R$ 429 milhões. A empresa, que iniciou suas operações em 1995 sob o nome de Passaredo, agora enfrenta um futuro incerto.

Falhas no Sistema Agravantes

Como se não bastasse o fator humano, um relatório do Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) lança luz sobre possíveis falhas no sistema da aeronave. O documento indica que o avião, modelo ATR-72, enfrentou condições meteorológicas propícias à formação de gelo durante o voo. O sistema de degelo, crucial para a segurança em tais condições, foi ligado e desligado repetidas vezes, indicando uma possível falha.

Adicionalmente, foram registrados alertas de baixa velocidade de cruzeiro e performance degradada, sinais de que o avião estava operando em condições que reduziam sua capacidade de voo, como o acúmulo de gelo, que diminui a sustentação. A combinação de fatores, tanto humanos quanto técnicos, levanta sérias questões sobre a segurança da aviação e a necessidade de rigorosas medidas de controle e fiscalização.