Na última sessão da CPMI do INSS, o depoimento de Américo Monte Júnior, presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), transformou o que deveria ser um esclarecimento em um impasse frustrante. Amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do STF, Américo manteve-se em silêncio, respondendo apenas o básico sobre sua identificação pessoal. A cena, que ocorreu em Brasília, no dia 03 de dezembro de 2025, deixou evidente a estratégia de esquiva diante das…
Na última sessão da CPMI do INSS, o depoimento de Américo Monte Júnior, presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), transformou o que deveria ser um esclarecimento em um impasse frustrante. Amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do STF, Américo manteve-se em silêncio, respondendo apenas o básico sobre sua identificação pessoal. A cena, que ocorreu em Brasília, no dia 03 de dezembro de 2025, deixou evidente a estratégia de esquiva diante das acusações.
O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), não se intimidou com o silêncio do depoente. Em uma apresentação detalhada, Gaspar expôs a complexa rede financeira que liga associações e empresas a Américo Monte, sugerindo que mais de R$ 700 milhões possam ter circulado de maneira fraudulenta através de entidades de fachada. A acusação é grave: enquanto Américo recebia auxílio emergencial entre 2020 e 2021, sua empresa supostamente movimentava quantias milionárias.
Gaspar questionou o real serviço prestado pela Amar Brasil, insinuando que a empresa serviu apenas para enriquecer seus fundadores.
“Nenhum. Só o núcleo da Amar Brasil colocou no bolso mais de R$ 20 milhões” – afirmou Gaspar.
Segundo o deputado, Américo ascendeu rapidamente, integrando em apenas quatro anos um “núcleo milionário” dentro do esquema, ostentando veículos de luxo, conforme investigações da Polícia Federal.
Apesar do silêncio de Américo, outros parlamentares aproveitaram a oportunidade para expor dados obtidos através de quebras de sigilo e relatórios de investigação. O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) detalhou os R$ 316 milhões em descontos de aposentados recebidos pela Amar Brasil, além dos R$ 25 milhões destinados à AMJ Serviços Administrativos, empresa de Américo Monte.
“O senhor sai daqui com a testa tachada de lavador de dinheiro profissional” – sentenciou Moro.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) também reforçou a ideia de que Américo controlava diversas associações usadas para desviar recursos e repassar valores a empresas de familiares e amigos.
“Ou você é referência de sucesso ou é um dos maiores operadores desse esquema” – questionou Lucas.
Rogério Marinho (PL-RN) concluiu que a CPMI tem desempenhado um papel crucial ao expor a engrenagem dos descontos indevidos, prestando um serviço importante à sociedade ao revelar uma série de mentiras.
Próximos Passos
Apesar do silêncio de Américo Monte Júnior, a CPMI do INSS continua a avançar nas investigações, prometendo novas convocações e aprofundamento nas quebras de sigilo. A expectativa é que, com o desenrolar dos trabalhos, mais informações venham à tona, revelando a extensão e os responsáveis por este esquema de desvio de recursos públicos. Resta saber se, em futuras convocações, Américo Monte Júnior estará mais disposto a colaborar com a justiça.
