PGR arquiva investigação contra Gilmar Mendes no caso CBF

 A Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu não seguir adiante com o pedido de investigação contra o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), referente ao seu papel como relator em processos ligados à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão, que põe fim à especulação sobre a conduta do ministro, foi assinada pelo vice-procurador-geral da República, Hindenburgo Chateaubriand, um nome de confiança do procurador-geral Paulo Gonet.Essa proximidade… 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu não seguir adiante com o pedido de investigação contra o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), referente ao seu papel como relator em processos ligados à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão, que põe fim à especulação sobre a conduta do ministro, foi assinada pelo vice-procurador-geral da República, Hindenburgo Chateaubriand, um nome de confiança do procurador-geral Paulo Gonet.

Essa proximidade entre Gonet e Gilmar Mendes adiciona uma camada extra à discussão, já que Gonet foi indicado ao cargo com o apoio de Gilmar, de quem também já foi sócio no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). A situação levanta questionamentos sobre a independência da avaliação da PGR neste caso.

O pedido de apuração, que agora é arquivado, havia sido apresentado pelo vereador Guilherme Kilter (Novo-PR). Kilter apontava para possíveis benefícios concedidos pelo ministro à gestão anterior da CBF, levantando suspeitas de que Gilmar Mendes poderia ter agido de forma parcial ao tomar decisões favoráveis a Ednaldo Rodrigues.

Suspeitas e Argumentos da Defesa

As suspeitas ganharam força com a divulgação de um contrato entre o IDP e a CBF, especificamente com a CBF Academy, uma iniciativa voltada para a profissionalização do futebol nacional. Além disso, liminares concedidas por Gilmar Mendes que favoreceram Ednaldo também entraram na mira das investigações.

Contudo, a Assessoria Jurídica Criminal da PGR, após analisar o caso, concluiu que não havia elementos suficientes para comprovar que Gilmar Mendes agiu com intenção ilícita. A PGR considerou que as alegações se restringiam a discussões processuais sobre suspeição, sem configurar crime.

Em sua defesa, Gilmar Mendes argumentou que não há conflito de interesses, justificando que o acordo entre o IDP e a CBF foi firmado sem sua participação direta. Ele ressaltou o reconhecimento institucional do IDP, buscando afastar as suspeitas sobre sua conduta.

O contrato entre o IDP e a CBF foi um acordo de direito privado conduzido pela direção do IDP, sem relação direta comigo” – declarou Gilmar Mendes.

As suspeitas também se intensificaram devido à condição de sócio do ministro no IDP e ao cargo de diretor-geral ocupado por seu filho, Francisco Schertel Mendes. Decisões do ministro que mantiveram Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF, desde janeiro de 2024, foram alvo de questionamentos.

Decisões Judiciais e Relações Institucionais

Em janeiro de 2024, Gilmar Mendes suspendeu uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que havia afastado Ednaldo Rodrigues da CBF. Em maio de 2025, ele negou outros dois pedidos de afastamento. No entanto, em 15 de maio, a Justiça do Rio de Janeiro determinou novamente o afastamento de Ednaldo, que, em 19 de maio, desistiu de retornar ao cargo.

A relação entre Gilmar Mendes e Paulo Gonet é de longa data, remontando à fundação do IDP em 1998. Em 2017, Gonet vendeu sua participação para Francisco Mendes por R$ 12 milhões. Em 2023, o então presidente Lula nomeou Gonet para a Procuradoria-Geral da República, uma decisão que muitos atribuíram ao prestígio de Gilmar após sua atuação em episódios da Lava Jato.